
e no entanto a sorte, a crença,
na verdade o que se pensa:
são dois corpos agitados
dois mochos sobressaltados
voando, feito redemoinho.
e no entanto, aquela sorte,
de tão vil, acaso e norte
são pavios curtos
sem zelo, esmero, esperança.
no entanto, e só portanto,
quisera eu o quanto
te quis um dia,
quisesse-me outra vez, sobressaltada.
conquanto, belo acalanto,
saístes ao sol feita em balanço
agitando o que de bom havia
e abrindo as bocas, dos moços,
das moças, que te viram um dia.
e no quando, abria-se em mormaço
teus pés crus a cada passo
me diziam que sem ti
aquele abraço
era só monotonia.
amiga, amor,
palavras duras,
puseram-nas nuas
a cortar-me a alma.
palavras sempre foram belas,
mas não as tuas.
amada, amor
sempre em preces o que te dou
sem revelias. acaso o pranto
que em ti murchou, dissesse a mim
o que passou, soubesse o quanto,
se me notou, ou fui um
dos muitos tantos
que tua seda-pele tocou.
por fim, culpada tu, findou
o verso que em mim jorrou.