31 de julho de 2011

[ REVISIT# ]

Alcântara .

Preciso [re]experimentar falar algo novo. Como que um grito agudo recuado. Ver-me novamente dans la glace.

Levar de encontro ao dia

- ao dia –

homens corajosos em confiar em mim,

que pensar é o melhor fardo. pois o feito,

ainda é o bônus, e só virão os homens corajosos quando de encontro ao feito.

“Mas o fim é mais

um [re]começo”

Glauber® [risos], proteção nessa hora,

que Jean® me dará as mãos que beijam bocas,

avermelhadas num sorriso.

Pois seu surreal hoje Tão real que apelo ao

ridículo. várias vezes.

dos suores

restou a saliva

que te aqueceu

um dia.

29 de julho de 2011

- pai, o que é o amor?
- estou incerto!

26 de julho de 2011

quantos navios por aqui passaram
aportando, depois partindo?
quantas vidas que aqui houveram
já não se dão ao ouvido?
e a mulher que era muitas
por ser de todo o mundo
não fica nem na lembrança
de quem por muitos portos anda.
e a mulher que se entregara
aos trabalhos do mar
não era nem de perto a Madalena
que me encantou
pois não queria ter no corpo
a marca de um nó.

22 de julho de 2011

meu coração enganou-me.
caiu em desobediência
e partiu-se de mim
como quem arranca de um rio as suas margens.
fez do que havia em mim desassossego,
mutilou-me o peito,
errou-me o sangue nas veias.
ah, meu coração!
não queiras mais ir contra a correnteza,
que só te cansa.

20 de julho de 2011

Flui estouvada

Seduz fingidamente viva

Cotovela para ser gestada

Aduba a anticoncepção

Logo respira, anda e fala

E logo também berra, altiva


Magoada prenhez

Que quebrantou cada estação

Mês-a-mês


Magoada parição

Da anca desarranjada

Do complexo da castração

Emancipada na fralda


Magoada abstração.

sem o saber, um objeto último
da primeira tarde da era
(que salva a tudo)
e de saia, uma graça!
no céu vermelho, despetalando
como rosa – o mundo era salvo
por duas fatias de tomate fritando
anseiando uma pela outra
fazendo pedidos dissolvidos
no quente borbulhar de uma frigideira.

sinto um calor

ancorado em geometrias

que ruminam silencio.

vago mouco

e descampado

numa doentia febre.

perdido e sem sombra

pergunto ao nonsense

quem és?

pergunto pelo perpétuo

pelo oco.

e minha própria flama

revela uma resposta abissal

sobre o fogo imperecível

e o supor-se vivo,

adorável vertigem.

o suor é palavra viva orvalhando a pele

um modo de dizer o percurso pela imagem.

quantas das improcedentes linhas de fumaça

que te deixam ser a intersecção de todas as metáforas da natureza

desfizeram-se no ar até hoje?

o movimento é palavra que nasce a todo o momento

do corpo sempre prenhe de nuances múltiplas e contrárias

o tempo e a eternidade, o taís quer não quer ser

o desejo e a resistência

o mundo e o eu:

tudo evolui junto com a palavra e nos dá a possibilidade do toque

de escafandrar o concretus, do verbo concrescere que está em tudo.

o crescimento é palavra tão vaporosa...

mas sentimos também sua matéria espessa,

a textura de sua ciranda em espiral

e a primeira mão sempre buscando segurar a ultima

para o crescer junto

para com-crescer.

14 de julho de 2011

não te preocupes.
se descobrires o meu enigma
sorte a tua...
não sou antropófago.
i

para pintar a casa
derrame sobre o balde de tinta
uma camada de pincéis
e mergulhe nas paredes
a coloração de qualquer tom.

ii

consultar o relógio
enquanto se faz a refeição
prolonga a fome
e sacia o alimento.

iii

não se abre um guarda-chuva
sem antes consultar-lhe o humor.

iv

coisa que não se pode dizer a um rio:
não é bom contar as gotas da chuva.

v

de cada cinco árvores que se plantam
quatro precisam de um psicanalista:
crise de identidade.

10 de julho de 2011

e a água que vai caindo
leva um pouco de nós
pelo chão
para depois
voltar a ser chuva
e chovemos também
sobre a terra
sobre os outros.

9 de julho de 2011

Os desejos e as vontades

Se prendem a mim

Como se todo o universo

Reunisse-se em mãos dadas

O desejo é fogo, é febre

A vontade é a palha queimando.

as chaves só respondem
a cadeados errados
 

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