26 de setembro de 2011

sob a sombra dos bruxos, me escondo
com medo de que me vejam
bem de perto como eu os vejo.
cada olhar me amedronta mais.
ando para me afastar e os sinto sempre mais perto.
já os percebo sussurrando ao meu ouvido
mas não me escutam nem me vêem.
estão enterrados com as lápides
que guardo em meu quarto.




Cântico
de encantos

e enquantos

14 de setembro de 2011

Cabe em mim toda a agitação do mundo.
Ora preso, ora torto, ora absoluto.
Cabe em mim todas as dores do mundo:
Como pêndulo, que incessantemente, marca
Passo a passo
O compasso do Ser.
E não satisfeito, sou metade homem
Metade fêmea
Metade bicho.
Sou feito de várias metades, se assim o puder,
Sou inquietação, sobressalto,
Sou mansidão e acalanto.

11 de setembro de 2011

anos e anos de transe
mirando enérgico
a própria imagem espelhada
desperta narciso
inexplicavelmente.
agora vendo da sua velhice
as rugas marcadas
os cabelos brancos
nariz e orelhas sem simetria
a pele caída e engelhada
narciso se pergunta:
― era isso mesmo que eu fitava?
corre o tempo apressado
disparando tique-taques.
ninguém sabe nem viu
quando passou a primeira hora.
apenas se ouve tique-taques.

tique-taque...

e a vida já não é a mesma.

8 de setembro de 2011

- pai, há doença de alma? pergunta o menino com um ar de quem esquece o que pergunta. o pai, impaciente, ou como se não soubesse a resposta certa, esboça um não no canto da boca.
- porque a minha é feita buraquinhos na parede, cheia de furos mas sem vista de janela.
e sai, feito pássaro que acabara de ser aprisionado.
 

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