7 de dezembro de 2011
3 de novembro de 2011
duas peças iguais não se encaixam
se encaixam, uma delas fica pelo avesso
e o encaixe não forma figura
[rosi alves
como a um espelho se parte
quero ter em mim desejos
que sendo um eu não teria.
possuir tudo a tato
correr no corpo o sentido
de não ter abismo
entre mim e outro
sujeitar-me
não a mim, mas ao outro
e refazer a minha imagem
decomposta no espelho, outro.
15 de outubro de 2011
8 de outubro de 2011
26 de setembro de 2011
com medo de que me vejam
bem de perto como eu os vejo.
cada olhar me amedronta mais.
ando para me afastar e os sinto sempre mais perto.
já os percebo sussurrando ao meu ouvido
mas não me escutam nem me vêem.
estão enterrados com as lápides
que guardo em meu quarto.
14 de setembro de 2011
Ora preso, ora torto, ora absoluto.
Cabe em mim todas as dores do mundo:
Como pêndulo, que incessantemente, marca
Passo a passo
O compasso do Ser.
E não satisfeito, sou metade homem
Metade fêmea
Metade bicho.
Sou feito de várias metades, se assim o puder,
Sou inquietação, sobressalto,
Sou mansidão e acalanto.
11 de setembro de 2011
8 de setembro de 2011
21 de agosto de 2011
19 de agosto de 2011
não te quero junto à noite
o céu não se encheu de estrelas
escureceu até a lua
e na porta de casa
sopra um vento descomunal
gélido coração
habitante de rota abissal.
desperta, meu coração
não te quero atravessado
meus olhos saltam no silêncio
marcação descompassada
ritmo todo arredio
e no peso de respirar
cansado coração
dormes sem tempo para volta.
É noite, e tarda!
18 de agosto de 2011
8 de agosto de 2011
O coração tem domicílio no peito.
Comigo a anatomia ficou louca.
Sou todo coração.
Maiakóvski
num instante se erguem
quais aplausos vibrantes.
envergo-me a fim de que
[o rosto
já não fique nu.
sou dado a patologias
tenho medo do mar, do céu
do amar, do seu.
fico preso qual bicho acuado
enquanto vibram, e de mãos,
lado a lado, atadas como
em amor
[eterno.
que horas eu devo acordar?
ou tudo não passou dum
sonho. ou viestes ver-me
e atormentar.
sou dado a patologias
tenho medo de que isso tudo
[um dia
torne-se a repetir.
31 de julho de 2011
[ REVISIT# ]
Alcântara .
Preciso [re]experimentar falar algo novo. Como que um grito agudo recuado. Ver-me novamente dans la glace.
Levar de encontro ao dia
- ao dia –
homens corajosos em confiar em mim,
que pensar é o melhor fardo. pois o feito,
ainda é o bônus, e só virão os homens corajosos quando de encontro ao feito.
“Mas o fim é mais
um [re]começo”
Glauber® [risos], proteção nessa hora,
que Jean® me dará as mãos que beijam bocas,
avermelhadas num sorriso.
Pois seu surreal hoje Tão real que apelo ao
ridículo. várias vezes.
26 de julho de 2011
aportando, depois partindo?
quantas vidas que aqui houveram
já não se dão ao ouvido?
e a mulher que era muitas
por ser de todo o mundo
não fica nem na lembrança
de quem por muitos portos anda.
e a mulher que se entregara
aos trabalhos do mar
não era nem de perto a Madalena
que me encantou
pois não queria ter no corpo
a marca de um nó.
22 de julho de 2011
20 de julho de 2011
sinto um calor
ancorado em geometrias
que ruminam silencio.
vago mouco
e descampado
numa doentia febre.
perdido e sem sombra
pergunto ao nonsense
quem és?
pergunto pelo perpétuo
pelo oco.
e minha própria flama
revela uma resposta abissal
sobre o fogo imperecível
e o supor-se vivo,
adorável vertigem.
o suor é palavra viva orvalhando a pele
um modo de dizer o percurso pela imagem.
quantas das improcedentes linhas de fumaça
que te deixam ser a intersecção de todas as metáforas da natureza
desfizeram-se no ar até hoje?
o movimento é palavra que nasce a todo o momento
do corpo sempre prenhe de nuances múltiplas e contrárias
o tempo e a eternidade, o taís quer não quer ser
o desejo e a resistência
o mundo e o eu:
tudo evolui junto com a palavra e nos dá a possibilidade do toque
de escafandrar o concretus, do verbo concrescere que está em tudo.
o crescimento é palavra tão vaporosa...
mas sentimos também sua matéria espessa,
a textura de sua ciranda em espiral
e a primeira mão sempre buscando segurar a ultima
para o crescer junto
para com-crescer.